Livre arbítrio - panorama geral
Para o teólogo Pelágio, o homem tem a essência pura. Não tem herança no pecado de Adão, logo tem a possibilidade de escolher o bem.
Agostinho rebateu a ideia de acordo com a Bíblia e disse que o homem é mal, escravo do pecado, portanto não tem a capacidade de escolher o bem, visto que é um pecador natural.
A teoria de Pelágio foi tida como herética pelo Concílio de Orange (529 d.C.). No entanto, na Idade Média, a igreja católica da época adotou o semipelagianismo, o qual consiste que o pecado afetou o homem, mas não a ponto de ele não poder escolher. Ou seja, ainda que seja manchado pelo pecado, o homem pode escolher o bem.
Erasmo de Roterdã e Lutero discutiram esse assunto. Erasmo era semipelagiano. Lutero escreveu o livro "Nascido escravo", refutando Pelagio. E toda a linha reformada seguiu esse pensamento. Bem como Calvino assumiu o pensamento de Lutero e Agostinho, ie, da soberania de Deus (Graça de Deus), ou seja, se o homem escolher, será condenado.
Cinquenta anos depois, a igreja na Europa (protestante) ainda estava sob o ensino de Calvino. Neste contexto, surge um professor chamado Iacobus Arminius, o qual retomou os estudos de Pelagio e Roterdã. Arminius não confrotou as ideias calvinistas, mas seus alunos (os remostrantes) usaram o material das suas aulas para solicitar que a doutrina acerca desses temas fossem revistos: restaurar o livre arbítrio; predestinação condicional (pré-ciência de Deus); o sacrifício da cruz foi por todos e por nenhum em particular porque a decisão é do ser humano e ele ainda vai tomá-la (sacrifício seria vão por todos os homens que deixaram de escolher a fé em Jesus); a graça de Deus é resistível, ou seja, Deus quer salvar a todos, mas respeita o livre arbítrio ("Deus aceita a vontade do homem"), portanto o pecador pode cair da graça, ou seja, pode perder a salvação, ao virar as costas para Deus. Discussão soteriológica.
A igreja calvinista de Dort (líder) convocou uma grande reunião, a qual durou um ano e mais de cem sessões. Então, concluíram que esses ensinamentos são contrários à Palavra de Deus. Os remostrantes foram expulsos da igreja e extraditados por seis anos.
Quanto ao livre arbítrio, o Sínodo de Dort atentou para a total (atingiu a totalidade) depravação, ou seja, o homem é incapaz de, sem qualquer influência externa, escolher Deus. Logo, a predestinação é incondicional, ie, Deus contempla a raça humana perdida e dentre ela, elege aqueles que ELE quis, sem base no mérito (fé prevista) ou caráter, mas unicamente por motivos que apenas Ele sabe. Agindo assim Deus não tira o direito de ninguém, pois pecadores não têm direito à vida eterna. Com relação à presciência, Deus prevê o que Ele determinou. A história só acontece por determinação dEle mesmo. Logo, o sacrifício de Cristo é eficaz. Ou seja, ele morreu efetivamente pelos pecados dos eleitos, os quais foram separados antes da fundação do mundo. De forma que, os que se perdem, os pecados não foram pagos. Quanto à graça irresistível, o Sínodo destacou que no tempo certo, Deus chama os eleitos de forma irresistível. O evangelho é pregado a todo o mundo, e Deus faz com que a mensagem seja eficaz no coração dos eleitos, alcançando suas almas e lhes levando ao arrependimento e ao nvo nascimento.
Diferença fundamental nos dois sistemas
No arminianismo, a salvação acontece primeiramente quando o homem se arrepende, tem fé, e em seguida é regenerada pelo Espírito Santo, justificada por Deus. Segundo o Sínodo de Dort, primeiro Deus regenera, dá vida ao coração morto, posteriormente o homem se arrepende e crê. Não é possível crer antes da regeneração visto que o homem está morto.
Ilustração segundo sistema do Sínodo: as pessoas estão caminhando de olhos vendados sem perceber que há um abismo logo a frente. E Deus está chamando logo atrás. Mas ninguém ouve nem cre, então Deus "sacode" alguns para livrar-lhes.
Perseverança final dos eleitos. Esses serão guardados até o final. Eles vão passar por todas as circunstâncias, mas sempre se arrependerão, voltarão e perseverarão até que Deus lhes recolha.
Segundo Augustus Nicodemus
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