Entendendo o q sou - Augustus N
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Durante muitos anos vivi debaixo da convicção de que a minha experiência com Deus aos 23 anos de idade tinha representado uma transformação interior profunda em meu “eu”. O tempo, o conhecimento maior de mim mesmo e das Escrituras e o contato com outras pessoas, me levaram a refletir melhor sobre esse ponto. Descobri que sou hoje exatamente a mesma pessoa que teve um encontro com Deus a 41 anos passados. O jovem de 23 anos com seus desejos torpes, paixões ilícitas, inclinações ao mal, sentimentos indignos ainda vive. Ele não foi morto, destruído, erradicado de mim. Passei a entender que o que realmente houve foi a implantação em mim de uma nova vida, que trouxe uma reorientação no espírito da minha mente (Ef 4.23), sem a extinção da mente antiga. Na linguagem bíblica, a vida do Cristo ressurreto foi implantada pela presença do seu Espírito que em mim veio habitar (2Pe 1.4; Gl 2.20; 1Jo 3.24). Como resultado, a minha natureza original pecaminosa, que é exatamente a mesma de antes, passou a ser subjugada, mortificada, dominada por um poder maior. O novo coração (Ez 11.19) não substituiu o antigo, mas o subjuga e passa a orientar a minha vida.
O que isso implica em termos práticos? Primeiro, que infelizmente ainda sou capaz de praticar as mesmas coisas que praticava antes desse encontro com Deus. Isso explica porque é tão natural para mim fazer as coisas erradas que sempre fiz, toda vez que deixo de andar pelo Espírito e de ser guiado pelo Senhor Jesus. Sou o mesmo filho de Adão de sempre. Segundo, aprendi na prática que meus esforços são inúteis para domar e subjugar minha natureza. O “velho homem,” como é referido nas Escrituras, é indomesticável, irremediavelmente rebelde e incapaz de ser sujeitado à Deus. Apesar de saber disso, de vez em quando me pego pensando que estou no controle. Terceiro, dependo de Deus para poder viver de maneira reta e agradável aos seus olhos. Não há nenhum poder intrínseco em mim que me permita dominar minha natureza adâmica. Esse poder vem do Espírito Santo que em mim habita e que me transmite o poder da vida vitoriosa e ressurreta de Jesus Cristo. Preciso humilhar-me diariamente, render minha vida ao Senhor e depender inteiramente dele para permanecer salvo e santo. Quarto, entendo melhor os demais irmãos em Cristo. Eles não são diferentes de mim. Posso entender quando alguns deles dizem coisas, ou cometem atos pecaminosos impensáveis para um filho de Deus. Quando eles dizem essas coisas e cometem esses atos estão sendo eles mesmos. Estão sendo o que são por natureza, inclinados e afeitos a toda forma de mal. Quinto, posso agora ajuda-los de maneira mais eficaz a entender a plena responsabilidade de seus atos, a necessidade de reconhecer sua pecaminosidade diante de Deus e dos homens e a buscarem humildes a graça maravilhosa do Senhor Jesus para perdão e restauração. - Esse é o mistério ao qual Lutero se referiu, dizendo que ele era “simul justus et pecator,” isto é “simultaneamente justo e pecador”. Acredito que não pode haver crescimento em santidade enquanto não formos levados à consciência clara de quem realmente somos em Adão. Só assim entenderemos nossa total dependência do último Adão e o que significa estar em Cristo.
Rev. A. Nicodemus
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